Lúpus: fique alerta aos principais sinais e sintomas da doença
Estamos no mês de conscientização sobre três doenças: Alzheimer, fibromialgia e lúpus. Neste texto, vamos conversar sobre a última.
O lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença inflamatória crônica e de origem autoimune, onde uma desregulação do sistema imunológico leva à produção de anticorpos direcionados ao próprio organismo, senso assim chamados de autoanticorpos.
A sua origem ainda é desconhecida e acredita-se que sua causa seja multifatorial, na qual a interação entre fatores genéticos e ambientais, como a exposição solar ou fatores ‘gatilho’, como quadros infecciosos ou algumas medicações, sejam responsáveis pela doença.
O LES pode acometer todas as idades, sexo e etnias, entretanto, a sua maior incidência ocorre em mulheres, entre os 20 e 45 anos, principalmente nas pessoas afrodescendentes. Para cada homem com lúpus, há nove mulheres acometidas. Crianças e adolescentes, de ambos os sexos, podem ter a doença, quando é chamada de lúpus eritematoso sistêmico juvenil (LESJ) e também recém-nascidos (lúpus neonatal).
Tipos de lúpus
São reconhecidos quatro tipos de lúpus:
Lúpus discoide: limitado à pele. Pode ser identificado com o surgimento de lesões avermelhadas, redondas, geralmente em áreas da pele expostas à luz, como rosto, orelhas e couro cabeludo.
Lúpus sistêmico: esta é a forma clássica e mais frequente da doença e que pode ter a evolução mais grave. O processo inflamatório acontece nos diversos órgãos e sistemas e a intensidade das manifestações pode variar de pessoa para pessoa e ao longo da história natural da doença. Além da pele, articulações, rins, sistema nervoso central, entre outros sistemas, podem ser afetados. Também podem ser observados quadro hematológico e sintomas inespecíficos, como cansaço e perda do apetite.
Lúpus induzido por drogas e medicamentos: essa forma de lúpus é descrita como o aparecimento de sintomas semelhantes ao do LES e que está relacionada à exposição a medicações. Na grande maioria dos casos, a melhora ocorre com a suspensão da medicação associada ao desencadeamento do quadro.
Lúpus neonatal: esse tipo de lúpus é bastante raro e afeta filhos recém-nascidos de mulheres que têm lúpus.
Quais os sintomas do lúpus?
Como o LES pode afetar diversos órgãos e sistemas, o quadro cínico costuma variar conforme o estágio da doença e de paciente para paciente. Nem todos os sinais e sintomas estão presente ao mesmo tempo ou acontecerão em todos os casos. De um modo geral, as principais manifestações que podem estar presente são:
- Fadiga;
- Dor nas articulações;
- Febre;
- Emagrecimento sem causa aparente;
- Perda de apetite;
- Desânimo;
- Manchas na pele;
- Sensibilidade à luz do sol;
- Dificuldade para respirar;
- Pressão alta;
- Problemas renais;
- Queda de cabelo;
- Dificuldades de memória;
- Dor abdominal;
- Náuseas e vômitos;
- Convulsões;
- Alterações de humor e depressão.
Esses sintomas podem surgir tanto de forma lenta e progressiva (em meses e é a apresentação mais comum) quanto mais rapidamente (em semanas) e variam com fases de atividade e de remissão da doença (quando o paciente não apresenta nenhum sinal) e também de paciente para paciente.
Como o lúpus é diagnosticado?
O diagnóstico do LES é feito pelo médico a partir do quadro clínico sugestivo e pela solicitação de exames laboratoriais que possam mostrar alterações associadas à doença. Além de exames gerais, como o hemograma e de urina, há outros mais específicos como a pesquisa do AAN (anticorpo antinuclear, também conhecido como FAN – fator antinuclear) e de outros autoanticorpos, como o anti-DNA e o anti-Sm. Estes últimos, apesar de muito associados ao LES, estão presente em apenas 40% dos pacientes.
Importante reforçar que tanto o quadro clínico como os exames devem ser vistos como um todo, sempre pelo médico, e não de forma isolada. Ainda, no LES, os exames podem ser utilizados para monitorar a atividade da doença e a resposta ao tratamento.
Como é feito o tratamento do lúpus?
O lúpus pode ser controlado, mas não curado. O tratamento é individualizado e dependerá das manifestações apresentadas por cada indivíduo. O principal objetivo é controlar a atividade da doença para que o paciente retome as suas atividades e tenha qualidade de vida.
O tratamento é amplo e inclui desde medidas gerais, como o cuidado com a exposição solar e uso de filtros contra a radiação ultravioleta, até o uso de medicações. Dentre eles, podem ser usados anti-inflamatórios, antimaláricos e imunossupressores e a sua indicação acontecerá de acordo com a intensidade do quadro clínico de cada paciente.
Como conviver com o lúpus
É muito importante que o paciente mantenha as suas consultas regulares com o seu médico e, além dos medicamentos, siga recomendações gerais, como evitar a exposição solar, manter uma dieta equilibrada e praticar exercício físico (se os sintomas estiverem controlados e sempre orientado pelo seu médico e por um educador físico).
Dentre as mais de 80 doenças autoimunes conhecidas atualmente, o lúpus é uma das mais graves e importantes. Por isso, assim que surgirem os primeiros sintomas, procure atendimento médico especializado imediatamente.